Do iPolitica.
A desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia, Sandra Inês Rusciolelli e o filho Vasco Rusciolelli homologaram uma delação premiada em junho deste ano na Operação Faroeste. O acordo judicial foi aceito pelo ministro Og Fernandes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e a TV Bahia obteve acesso ao documento nesta quinta-feira (14).
A delação, que tem mais de 600 páginas, apontam uma série de atos de corrupção que são praticados dentro do TJBA, segundo divulgado pela TV Bahia.
José Valter Dias, conhecido por Borracheiro, é citado no centro da delação. Durante os esquemas, Borracheiro obteve via Tribunal de Justiça posse de terras na região Oeste do estado, que chegam a mais de 366 mil hectares, avaliada em mais de R$ 1 bilhão e com cinco vezes o tamanho de Salvador.
O esquema de venda de decisões judiciais levou a construção de um “império latifundiário“, possivelmente formado na gestão da desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, na época presidente do TJ.
Segundo a reportagem, fora do Tribunal de Justiça, os delatores indicaram Adaílton Maturino, sócio do Borracheiro e que se passava como cônsul de Guiné-Bissau. Ele é citado como idealizado do esquema, que tinha uma rede de operadores formada por sua esposa e outros advogados.
Já no TJBA, o esquema seria liderado pela desembargadora Maria do Socorro, que tinha o auxílio do genro, uma filha, servidores, juízes e desembargadores. Em 2018, com a posse do novo presidente Gesivaldo Britto, o esquema passou a ser chefiado por ele, incluindo novos membros, segundo apontou os delatores.
A delação relata uma grande estrutura dentro do esquema, que envolvia também o ex-secretário de Segurança Pública Maurício Barbosa que, segundo os delatores, era usado com instrumento de coação contra quem contrariasse os interesses do grupo criminoso.
Outro nome citado pelos delatores foi o do Senador da República Ângelo Coronel (PSD-BA). Na época deputado estadual, Coronel teria coagido produtores rurais e que teria recebido uma aeronave como forma de pagamento pela sua atuação. Segundo os delatores, o fato foi amplamente comentado no TJBA.
No total, 12 desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia, 12 juízes, 15 advogados, 15 parentes dos envolvidos e 16 pessoas entre servidores e políticos foram mencionados na delação. O iPolítica tentou contato com o senador Ângelo Coronel mas até o momento desta publicação não obteve respostas.